Ao tentar fazer operações financeiras em bancos, você já deve ter se deparado com a expressão “spread bancário”. Você sabe o que significa spread bancário? Aqui vamos explicar tudo sobre esse termo. Falaremos desde a sua influência nos serviços bancários até o seu impacto na vida dos brasileiros.
É importante compreender o que é spread bancário para entender os movimentos do governo e do mercado financeiro na economia brasileira. O spread bancário pode afetar o dia a dia das pessoas e é essencial entender como ele funciona para aproveitar as melhores oportunidades no mercado.
O que é spread bancário?
O termo spread é usado para se referir à diferença entre o preço pago e o preço de venda de um produto. Com isso, a expressão spread bancário aponta a diferença de taxas cobradas por bancos para conceder crédito e a taxa paga por eles ao captar recursos.
Esse conceito financeiro é importante porque ele é essencial para a definição de taxas de juros em empréstimos e financiamentos. Também é importante para definir a taxa de aplicação, referente aos rendimentos dos investimentos em renda fixa privada.
Pode parecer complicado, mas é bem simples entender o que é spread bancário. Separamos um exemplo abaixo para tornar o entendimento mais fácil.
Como funciona o spread bancário?
Num exemplo simples, digamos que ao aplicar R$ 500 num título de renda fixa como um CDB, você receberá um rendimento de 5% ao ano, o que seria a taxa de juros de captação, já que, ao aplicar na renda fixa privada, o investidor está emprestando dinheiro ao banco.
Junto a isso, você buscou fazer um empréstimo no banco e está pagando 20% de juros ao ano. Neste caso, o percentual do spread bancário seria definido pela subtração da taxa de aplicação (20%) pela taxa de captação (5%), o que daria 15%.
Dessa maneira, podemos entender que quanto maior for o spread bancário, ou seja, a diferença entre as taxas, maior será o lucro dos bancos em operações financeiras. E, obviamente, maiores serão os juros pagos por clientes. Já o spread bancário baixo indica a situação inversa.
Muito se fala sobre o lucro exagerado dos bancos em muitas situações e, por isso, o spread bancário é tido como um dos vilões nesse cenário. Porém, além da diferença entre taxas de juros, existem outros fatores que ajudam na composição do spread bancário.
Como o spread bancário é calculado?
Apesar de ser definido por um cálculo simples entre a diferença de taxas de juros de aplicação e captação, existem outros custos embutidos que ajudam nessa definição, falaremos sobre eles abaixo:
Custos administrativos
Os bancos precisam arcar com despesas operacionais para se manter funcionando, o que inclui gastos com equipe, equipamentos, entre outros.
Inadimplência
O Brasil é um dos países com maior taxa de inadimplência do mundo. Dados da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo) apontam que no fim de 2021, 76,3% das famílias possuíam dívidas, o maior patamar da série histórica iniciada em janeiro de 2010.
E o alto risco de não receber o pagamento de operações bancárias acabam pesando para o aumento do spread bancário, já que os bancos inserem uma “margem de segurança”, aumentando os juros das operações.
Lucros
Os bancos buscam o lucro, afinal é preciso remunerar todos os sócios e acionistas. Com isso, a margem de lucro esperada nas operações financeiras também compõe o spread bancário.
Depósito compulsório
O depósito compulsório é uma ferramenta usada pelo Banco Central para controlar o montante de dinheiro que circula na economia. Pelas leis brasileiras, esse depósito é recolhido pelo FGC (Fundo Garantidor de Crédito) e é usado como uma espécie de fundo de proteção para liquidar dívidas de bancos em caso de falência.
Impostos Diretos
Tributos como o imposto de renda, o COFINS (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social) e CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido) influenciam no spread bancário.
Por que o spread bancário é tão alto no Brasil?
O spread bancário no Brasil é um dos mais altos do mundo. Isso se deve devido a questões estruturais da economia do país. A alta taxa de inadimplência faz com que as taxas de juros cobradas pelos bancos aumentem.
Na comparação com países que possuem uma economia mais desenvolvida e estável, o Brasil tem uma grande concentração financeira, o que também ajuda a aumentar o spread bancário.
Como vimos, diversas questões estão relacionadas ao spread bancário e isso reflete diretamente nos consumidores. As taxas de juros são fundamentais para a economia brasileira, e elas dependem do spread bancário, logo, ele pode influenciar questões como o consumo e a concessão de crédito no país.